
Já se vão duas décadas e alguns títulos de destaque em campeonatos pelo mundo afora desde que Filipe Tostes descobriu sua paixão pelo balonismo. Natural de Piracicaba, no interior de São Paulo, esse engenheiro florestal trocou a terra pelo céu: “Desde meu primeiro voo, em 2005, soube que nunca deixaria o balonismo”.

Estava selada ali uma história de emoção e aventura.
Nos últimos dez anos, Filipe Tostes fez da Chapada dos Veadeiros sua morada. Ou melhor, fez do céu da Chapada seu habitat natural. Ele conta 1.370 voos desde que se mudou para o coração do Cerrado. “A beleza do lugar e a possibilidade de ter contato com áreas bem conservadas, como a do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros me conectaram com a região”, conta.
Foi ali, no interior do parque que o piloto teve uma das visões mais memoráveis: uma onça parda em vida livre, desbravando a serra das Cobras, protegida pela unidade de conservação. Mas esse não foi o único privilégio do balonista.

?“No balão, a emoção é garantida. Um voo nunca é igual a outro”, relata. Além disso, ele se realiza ao tornar em realidade o sonho de muita gente. O dele também se faz a cada conquista. E foram muitas.
Tostes é ??bicampeão do Festival Internacional de Balonismo de Torres, no Rio Grande do Sul, o maior festival da América do Sul. Foi duas vezes também vice-campeão brasileiro e ostenta ainda os títulos de Campeão Festa Del’Aria, em Capannori, na Itália, segundo colocado no Europeans Balloon Festival de Igualada, na Espanha e terceiro lugar no German Cup 2017, realizado em Pforzheim, na Alemanha. E este ano, ele se prepara para mais um certame, desta vez na Hungria, e provavelmente fará bonito em nome do Brasil.
Técnica e paixão
Para que a experiência aconteça, é preciso muito preparo. Mas isso não falta a esse piloto que já cruzou os céus de 28 países conduzindo um balão movido a ar quente e muita precisão, técnica e boa dose de paixão.

Na Chapada, Filipe Tostes opera a empresa Balonismo na Chapada, por meio da qual oferece aos turistas a possibilidade de contemplar em silêncio o mundo, lá de cima. O balão pode atingir uma altura de até 1.800 metros. A empresa opera com quatro diferentes balões capazes de transportar de dois a 16 passageiros.

“Para que o voo aconteça, as condições meteorológicas precisaram ajudar”, explica o balonista. “Se há ventos fortes, rajadas, muita neblina ou a possibilidade de chuva, não dá para subir”. São todas essas variáveis que entram no cálculo antes de o balão alçar voo. Até mesmo a inclinação do Sol em relação à Terra entra nessa equação.
A operação é complexa, envolve pelo menos dois veículos 4 x4, carreta e uma equipe bem afinada em terra, que apoia toda a logística desde a condução dos passageiros ao ponto de decolagem, além do monitoramento de todo percurso do balão e da constante comunicação com o piloto via rádio. É a equipe de terra que também está lá, na hora do pouso final, garantindo a suavidade dessa operação.
Dentro do cesto de vime, onde vão os passageiros, o piloto está no centro, cercado de cilindros de gás propano que, quando queimado, gera o ar quente que faz com o que o balão flutue.

Enquanto contemplam a paisagem que vai se apresentando sob seus pés, os passageiros nem sempre se dão conta da operação precisa que ocorre ali. Mas nada que um campeão como Filipe Tostes não tire de letra.
Além de manejar tudo com precisão, ele ainda explica a geografia que se vê do alto, dá uma aula sobre balonismo, se diverte e ainda sobra tempo para fazer uma self que será compartilhada com os passageiros daquele dia.
Por Jaime Gesisky